No próximo dia 27 de setembro não será uma data qualquer para a Real Força Aérea dos Países Baixos. O dia marcará o último voo dos caças F-16 Fighting Falcon sobre os céus neerlandeses, que serão substituídos nessa missão pelos caças furtivos F-35A. A questão é relevante, pois, como já foi anunciado, este não será o fim desses aviões de combate, já que parte da frota que protegeu o espaço aéreo dos Países Baixos por mais de quarenta anos será transferida para a Força Aérea da Ucrânia.
Um pouco de história…
Os Países Baixos, juntamente com a Bélgica, Dinamarca e Noruega, tornaram-se, no final dos anos 70 e início dos 80, um dos primeiros quatro operadores europeus e da OTAN a operar os novos caças F-16 que saíam das linhas de produção da então General Dynamics.
O pedido original, composto por 102 exemplares (80 F-16A e 22 F-16B), representou um salto qualitativo em capacidades e desempenho para a Real Força Aérea dos Países Baixos, além de oportunidades industriais, já que o primeiro lote seria recebido e montado pela Fokker, tornando-se a segunda linha de montagem do caça americano na Europa (a primeira foi a SABCA, na Bélgica).
O voo inaugural de um F-16 com as insígnias neerlandesas ocorreu em 3 de maio de 1979, sendo registradas em junho do mesmo ano as primeiras entregas de aeronaves do Bloco 1.
Posteriormente, a frota neerlandesa de F-16 seria expandida com um pedido adicional de 111 unidades, após o Parlamento dos Países Baixos aprovar os planos de aquisição em 1983. Esse lote era composto por 97 F-16A e 14 F-16B, elevando a frota total, no final de 1992, a 213 aeronaves com a entrega do último exemplar.
Redução da frota
Com o fim da Guerra Fria, que encerrou mais de quarenta anos de tensões entre o Oriente e o Ocidente, e a consequente redução dos orçamentos de defesa na Europa, parte da frota de F-16 dos Países Baixos foi armazenada e colocada à venda para países terceiros. Um total de seis unidades foi vendido à Jordânia em 2005, além de dois lotes de 18 unidades cada um vendidos ao Chile, como parte da renovação de sua Força Aérea, que também incluiu a compra de novos F-16 Block 50.
Futuro imediato
Com a confirmação de sua aposentadoria, a substituição dos F-16 na Real Força Aérea dos Países Baixos foi concretizada com a incorporação dos novos caças de quinta geração F-35A, que assumiram os papéis e missões desempenhados pelos F-16 nos últimos quarenta anos. O mais destacado, sem dúvida, é o papel de dissuasão por meio do uso de armamento nuclear tático.
No entanto, a guerra na Ucrânia fez com que parte da frota de F-16 fosse destinada à Força Aérea Ucraniana, processo que já começou segundo as declarações mais recentes. Em uma cerimônia recente, a Ucrânia recebeu os primeiros exemplares que pertenciam à Real Força Aérea Dinamarquesa, já sendo registrada a perda de uma aeronave em combate.
Quanto às quantidades a serem transferidas, o Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara dos Representantes dos EUA discutiu meses atrás a transferência de até 24 F-16 Block 10/15, juntamente com material complementar. Como reportado anteriormente, “… A iniciativa neerlandesa contemplava inicialmente a cessão de 18 caças; no entanto, esse número aumentou após a decisão de cancelar a venda de outras seis aeronaves para a empresa Draken”.
Em relação à aposentadoria dos F-16 dos Países Baixos, o Ministério da Defesa neerlandês confirmou que no próximo dia 27 de setembro acontecerá o último voo dos Fighting Falcon, que incluirá vários sobrevoos pelo país. Segundo informou o Ministério da Defesa, o último voo começará às 13h30, horário local, sobrevoando as seguintes localidades:
- Volkel (ponto de partida)
- De Peel
- Twente
- Leeuwarden
- Vlieland
- Estação de Controle de Operações Aéreas Nieuw Milligen
- Soesterberg
- Haia
- Woensdrecht
- Breda
- Gilze-Rijen
- Eindhoven
- Volkel (fim do voo)
Imagens utilizadas como ilustração.
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