No dia 3 de outubro, o estaleiro holandês DAMEN realizou a cerimônia de corte da primeira chapa de aço e a colocação da quilha, marcando o início da construção do futuro navio multipropósito da Marinha de Portugal, batizado como NRP Dom João II. O evento ocorreu no estaleiro Damen Shipyards Galati, localizado na Romênia, com a participação de importantes autoridades militares e civis portuguesas.
O primeiro passo para a construção deste novo navio multimissão foi dado no final de novembro de 2023, após a conclusão de um processo de licitação. Vale destacar que o investimento total do projeto atinge 132 milhões de euros, financiados pelo Fundo de Recuperação e Resiliência (RRF) da União Europeia, como parte do programa NextGenerationEU.
De acordo com declarações do Chefe do Estado-Maior da Marinha Portuguesa, Almirante Henrique Gouveia e Melo, o navio representa um conceito revolucionário para a força naval portuguesa, sendo concebido como multimissão. Isso significa que ele pode realizar diversas operações, como pesquisa científica e experimentação com drones e robótica, além de fornecer suporte em situações de emergência e desastres. Além disso, tem capacidade para operar em ambientes aéreos, de superfície e submarinos.
O navio NRP Dom João II está previsto para ser entregue em 2026, quando se juntará a outros dois navios construídos pela DAMEN para a Marinha de Portugal, a saber, a fragata NRP Bartolomeu Dias e o NRP D. Francisco de Almeida, que estão sendo submetidos a modernização e extensão da vida útil pelo estaleiro holandês.
Por fim, o Ministro da Defesa de Portugal destacou: “O vasto território marítimo sob jurisdição portuguesa representa uma grande parte das Zonas Econômicas Exclusivas dos Estados-Membros da União Europeia. Salvaguardar este domínio é essencial, especialmente diante da crescente competição estratégica no Atlântico Norte. É imperativo que reforcemos nossas capacidades para enfrentar essas ameaças e garantir os recursos do nosso leito marinho, que são de grande valor estratégico.”
Sobre o “D. João II”
O futuro D. João II destina-se a cumprir três importantes grupos de missões: científicas, de segurança e de defesa. Isso influencia tanto o design do navio multifuncional quanto seus equipamentos a bordo, o que se reflete nas dimensões da embarcação. O navio terá um deslocamento de 7 mil toneladas, 107 metros de comprimento, 20 metros de boca e um calado de 5,5 metros.
No primeiro grupo de missões científicas, destaca-se a coleta, processamento e transmissão de dados obtidos no litoral marítimo de Portugal, sendo uma ferramenta vital para tarefas de prospecção no leito marinho. O navio terá capacidade para acomodar 42 cientistas, que terão à disposição um convés específico equipado com um auditório, salas de reuniões e diversos laboratórios.
No segundo grupo de missões, voltadas para a segurança, destaca-se o apoio a organismos civis em missões de busca e resgate, bem como assistência em desastres naturais. Essa capacidade é evidenciada pela presença de um hospital em um de seus conveses.
Por fim, o terceiro grupo de missões está relacionado à defesa, incluindo tarefas de vigilância e controle dos espaços marítimos, evacuação de cidadãos em zonas de perigo ou conflito, e a proteção da soberania portuguesa. O navio multimissão poderá acomodar até 100 passageiros, número que pode ser ampliado para 200, além dos seus 48 tripulantes e 42 cientistas.
Além disso, em um contexto de crescimento dos veículos não tripulados, o navio tem capacidade para transportar e lançar veículos submarinos não tripulados (UUV), veículos de superfície não tripulados (USV) e veículos aéreos não tripulados (UAV). Para estes últimos, conta com um convés de voo de 94 x 11 metros.
Quanto ao design do navio, ele contará com um convés de voo de 96 metros de comprimento, capaz de operar e abrigar helicópteros médios de até 15 toneladas, com ênfase especial no lançamento de veículos aéreos não tripulados, tanto de asa fixa quanto rotativa. Além disso, no lado estibordo, em frente à ponte de comando, haverá uma catapulta para o lançamento de UAVs.
Outras funcionalidades do navio incluem o lançamento de meios terrestres e navais. Na popa, ele contará com dois guindastes de 30 toneladas. Tanto nas seções de bombordo quanto de estibordo, o D. João II poderá lançar e recuperar diversos tipos de embarcações. No lado bombordo, destaca-se uma rampa tipo RO-RO para carga e descarga de veículos, e nesta mesma seção poderá ser lançada uma embarcação de 10 metros de comprimento. Grande parte dessa área é destinada a equipamentos e estações para reabastecimento em alto mar.
No que diz respeito às capacidades de transporte, o D. João II poderá transportar até 20 contêineres, 18 veículos ou 10 barcos do tipo RIB e lanchas de desembarque, configurando-se de acordo com o tipo de missão e operações previstas.
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