O Exercício Multinacional CRUZEX 2024, realizado desde o início do mês na Base Aérea de Natal, no nordeste brasileiro, não apenas reuniu as principais forças aéreas do continente, mas também contou com a presença de aeronaves da Aviação Naval da Marinha do Brasil. Especificamente, foi mobilizado um destacamento de caças-bombardeiros A-4 Skyhawk (chamados AF-1 Skyhawk pela força), que são os últimos aviões desse tipo em serviço com operadores militares em todo o mundo.

Adquiridos do Kuwait na década de 1990 para operar embarcados em porta-aviões, os A-4 Skyhawk da Marinha do Brasil representam o principal meio de ataque de asa fixa em serviço em sua aviação naval. Designados AF-1 (monoposto) e AF-1A (biposto) Skyhawk, estão integrados ao 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1) e operam a partir de bases em terra, desde que o porta-aviões NAe São Paulo foi desativado em 2017, pois o Brasil não possui outro navio similar para seu desdobramento.

Essa situação não impediu que, entre 2015 e 2022, a frota de AF-1 fosse submetida a um programa de modernização, o qual foi reduzido em seu alcance e atualizou um número menor de aeronaves, denominadas AF-1B (monoposto) e AF-1C (biposto).

O programa, que inicialmente previa a modernização de doze aeronaves (nove monopostos e três bipostos), finalmente alcançou um total de cinco AF-1B e dois AF-1C (um dos bipostos foi perdido em um acidente em 2016), com a entrega do último exemplar em abril de 2022.

Em linhas gerais, os trabalhos realizados pela Embraer incluíram a instalação de novos sistemas de navegação, geração de energia, computadores, equipamentos de comunicação tática e a instalação de um radar multimodo de última geração. “…Além da modernização, foi realizada a revitalização da estrutura, aumentando a vida útil da aeronave…”, reportou a empresa brasileira.

Atualmente, os AF-1 da Marinha do Brasil estão presentes no Exercício Multinacional CRUZEX 2024 com um AF-1B e um AF-1C na Base Aérea de Natal, participando de atividades combinadas que incluíram voos na fase de familiarização do exercício, destacando-se sua participação no Media Flight. Embora a Aviação Naval não tenha divulgado muitos detalhes sobre sua participação, foi registrada sua atuação em diversas atividades, incluindo treinamento de reabastecimento em voo com o avião KC-767 Júpiter da Força Aérea Colombiana.

Sua participação na CRUZEX se soma a outro marco alcançado pelo VF-1 em 2024. Além do exercício multinacional, o esquadrão participou de atividades e exercícios da Marinha do Brasil, como a Operação Formosa em setembro e um treinamento com aeronaves do Grupo Aéreo Embarcado do porta-aviões USS George Washington da Marinha dos Estados Unidos durante o desdobramento Southern Seas 2024 em maio.

Por fim, como mencionado, os A-4 Skyhawk da Marinha do Brasil são os últimos dessa venerável família de aeronaves em serviço com operadores militares. Isso se deve, em parte, ao fato de que o outro operador desse sistema, a Força Aérea Argentina, deixou de operar seus A-4AR Fightinghawk após o acidente de julho que resultou na morte do Capitão Mauro Testa La Rosa.

Embora poucos detalhes estejam disponíveis, o último relatório da Chefia de Gabinete de Ministros ao Congresso da Argentina, em setembro, indicou que: “Como medida preventiva e até que as causas do incidente sejam determinadas, foi decidido não operar mais os aviões A-4 AR”. Desde a apresentação deste relatório, não foram registrados novos voos dos Fightinghawk, enquanto a FAA concentra seus esforços na recepção dos F-16A/B MLU adquiridos da Dinamarca, com a primeira unidade (um F-16B Block 10) pronta para ser recebida em breve e destinada à formação de tripulações, mecânicos e pilotos.

Isso faz da Marinha do Brasil o único operador militar de aeronaves A-4 Skyhawk em nível mundial, o que impulsionou vários planos e projetos exploratórios para avaliar a substituição do avião de ataque embarcado em curto prazo, listando os M-346 italianos como possíveis candidatos.

No entanto, a vida útil dos Skyhawk ganha uma nova perspectiva na forma de aeronaves para empresas privadas de serviços de “aggressor”, como Top Aces e Draken. No caso da empresa canadense, ela opera uma frota de A-4N Skyhawk, incluindo atualizações e melhorias nas plataformas, como radares AESA e sistemas de busca e rastreamento por infravermelho (IRST).

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