Relatórios de inteligência da OTAN indicam que um ataque russo à Finlândia, Noruega e aos países bálticos exigiria o envio de mais de 600.000 soldados das Forças Armadas da Rússia, uma possível ação planejada como uma ofensiva tripla. Apesar das perdas e dos resultados na Ucrânia, Moscou tem mantido e atualizado seus planos para uma ofensiva de múltiplas frentes.
De acordo com o portal finlandês Iltalehti e detalhes divulgados por fontes de inteligência da OTAN, “…A principal preocupação da OTAN não é se a Rússia atacará, mas quando e onde poderá testar o compromisso do Artigo 5 da OTAN com a defesa coletiva….”
Vários atores da OTAN concordam sobre a ameaça direta que a Rússia representa para a região, prevendo uma possível ofensiva russa nos países bálticos nos próximos anos. Um ponto relevante tem sido uma série de incidentes recentes envolvendo danos a infraestruturas críticas, com fortes suspeitas de envolvimento de Moscou e Pequim.
A Finlândia alertou, em um relatório de política de defesa, que qualquer agressão russa provavelmente incluiria ataques com mísseis balísticos e de cruzeiro contra alvos civis, seguindo o padrão observado na Ucrânia, onde a Rússia lançou ataques contra infraestruturas críticas e centros populacionais para alcançar objetivos políticos. “…A guerra em grande escala, de longo prazo e de alta intensidade voltou à Europa…”, afirma o relatório.
Plano de ataque russo
O ataque russo ocorreria em uma ofensiva simultânea, com a participação de várias unidades de suas Forças Armadas. Segundo o Iltalehti, no norte, “…o 14º Corpo do Exército atacaria a costa da Noruega a partir de Murmansk por mar, terra e ar. Os russos enviariam suas forças de desembarque à Lapônia finlandesa. A Finlândia também seria atacada pelas forças de mísseis russas estacionadas na Península de Kola. Na Lapônia, os russos tentariam, por exemplo, tomar rapidamente o aeroporto de Ivalo….”
Um dos objetivos de Moscou seria criar uma zona de amortecimento no norte da Lapônia e Finnmark, na Noruega, trazendo os combates para o território da OTAN. “…Mais ao sul, as forças russas de mísseis mirariam ataques na costa sul da Finlândia e no sudeste do país. O 44º Corpo do Exército russo seria responsável pelo ataque…”, detalha o Iltalehti.
O objetivo dessa ofensiva não seria uma campanha em larga escala dentro da Finlândia, mas sim a conquista da costa norte do Golfo da Finlândia e do sudeste do país. “…Dessa forma, os russos imobilizariam as principais forças de defesa da Finlândia e dificultariam o apoio à defesa da Estônia a partir da Finlândia…”, afirma o relatório.
Segundo fontes da OTAN, o 6º Exército russo tentaria avançar na Estônia e Letônia com um ataque massivo envolvendo tanques, artilharia e mísseis, com o objetivo de capturar as capitais Tallinn e Riga. Outro objetivo de Moscou seria a Lituânia, atacada via Bielorrússia. “O objetivo seria garantir uma conexão terrestre entre Kaliningrado, da Rússia, e Belarus, ou seja, capturar o chamado Corredor de Suwalki. Se a operação fosse bem-sucedida, as forças da OTAN que lutam nos países bálticos correriam o risco de ficar geograficamente isoladas.”
“…Não se trata de se a Rússia atacará, mas de quando tentará. Certamente tentarão nos surpreender. A surpresa faz parte da cultura estratégica da Rússia”, afirmaram fontes da OTAN.
Imagem de capa ilustrativa. Créditos: MinDef Rússia
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