Em meio a combates intensos no leste do país, a Força Aérea Ucraniana abriu uma investigação para evitar a transferência de técnicos e mecânicos de MiG-29 para unidades de infantaria que demandam novas tropas após quase três anos de guerra, buscando assim proteger o pessoal especializado, crucial para o funcionamento de seus recursos. A notícia surge logo após uma grande controvérsia na Ucrânia, quando uma unidade revelou que sua equipe de manutenção estava sendo enviada para a linha de frente como infantaria regular, algo que foi negado repetidamente por autoridades.

A respeito da recém-criada comissão de investigação, o coronel Yuriy Ignat declarou em suas redes sociais: “A comissão está trabalhando para evitar a transferência de militares com especialidades críticas, o que poderia afetar significativamente a capacidade de combate das unidades da Força Aérea (…) Uma comissão da Força Aérea está investigando atualmente se ocorreram violações. Caso sejam identificados tais casos, decisões serão tomadas para corrigi-los.”

Um exemplo ilustrativo do problema pode ser encontrado na mensagem do sargento Vitaliy “Bart” Gorzhevskyi, da 114ª Brigada da Força Aérea dos Cárpatos, publicada nos últimos dias. Ele afirma que centenas de técnicos e mecânicos foram transferidos para a linha de frente. Segundo ele, os primeiros telegramas envolveram cerca de 250 homens de sua unidade, enquanto outros 218 foram afetados posteriormente, deixando pouco pessoal disponível para continuar desempenhando suas funções.

Suas alegações também foram apoiadas por pilotos de combate, como Vadym “Karaya” Voroshylov, que destacou: “Estamos prontos para simplesmente abrir mão deles? Não, porque esses são especialistas com um foco muito específico que estudaram em instituições militares superiores por cinco anos e adquiriram experiência profissional na preparação de aeronaves em brigadas de combate e em condições de combate (…) Isso criará problemas no serviço e manutenção das aeronaves, o que resultará na redução da capacidade de combate das brigadas de aviação. A aviação é um grande ecossistema, cuja vida depende diretamente do desempenho das funções de cada elemento, que é insubstituível.”

O coronel Ignat detalhou que a investigação busca não apenas o pessoal especializado nos caças MiG-29 que possa ter sido transferido, mas também aqueles responsáveis pela manutenção de sistemas de defesa antiaérea, operadores de rádio e especialistas em guerra eletrônica, entre outros. A busca também dará atenção especial aos militares que receberam treinamento dos aliados ocidentais da Ucrânia, considerando seu número reduzido e importância vital para manter as capacidades limitadas da Força Aérea do país.

Vale lembrar que essa é uma tendência observada há meses, com vários relatos de unidades da Força Aérea sendo transferidas para reforçar as linhas de frente da infantaria; algo reconhecido pelo comunicado já citado, embora só agora a notícia tenha ganhado maior repercussão. Tanto é que o próprio presidente Volodymyr Zelensky abordou o tema em um de seus recentes discursos noturnos, pedindo à força que não ceda seus especialistas, mesmo diante do aumento do número de baixas em combate. A questão é sensível, considerando também a pressão para reduzir a idade de recrutamento no país a fim de reforçar as linhas de frente.

Por enquanto, respondendo às múltiplas acusações como as mencionadas acima, o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia negou categoricamente que essas transferências de pessoal especializado tenham ocorrido, ressaltando que o Comandante-em-Chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Oleksander Syrskyi, proibiu tais transferências anteriormente. Pelo contrário, o Estado-Maior afirmou que o número de técnicos aumentou nos últimos meses e que os militares da Força Aérea transferidos para a infantaria não seriam especialistas mecânicos, recebendo treinamento adicional antes de serem destacados.

Imagens utilizadas apenas para fins ilustrativos.

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