Opinião – A seguir, e de forma breve, informarei e analisarei para os leitores da Zona Militar os novos acontecimentos relacionados à compra de um novo ou “usado” caça supersônico de superioridade aérea para equipar a Força Aeroespacial Colombiana.

Em primeiro lugar, gostaria de me referir tanto a declarações oficiais quanto a rumores disseminados que sugerem a intervenção do governo e da indústria dos Estados Unidos para pressionar a compra do F-16 proposto por esse país. A primeira evidência disso é a declaração de algumas autoridades dos EUA sobre a supervisão especial por corrupção que qualquer contrato de aquisição de um novo caça teria por parte do Departamento de Estado, o que apenas demonstra que as pressões sobre o governo colombiano nessa decisão, tanto internas quanto externas, serão constantes. Contudo, neste caso específico, se o processo for transparente e não houver indícios de má gestão ou suborno, tal advertência parece apenas uma tentativa clara de eliminar concorrentes.

Por outro lado, circula o rumor, ainda sem confirmação oficial, sobre um possível veto a componentes norte-americanos usados no caça Saab Gripen. Embora não haja comprovação, isso gera preocupações entre especialistas e fontes oficiais. Ambos os casos parecem estratégias para bloquear a proposta sueca, promovida também por interesses dentro do governo e por ex-oficiais.

Com relação ao primeiro ponto, como já mencionado, uma supervisão internacional é preferível considerando os múltiplos exemplos de contratos superfaturados, como o caso dos veículos blindados 8×8, ou contratos manipulados e concedidos diretamente por meio de acordos com a CIAC (como ocorreu com os aviões da Polícia Nacional). Quanto ao segundo ponto, não existe confirmação ou declaração oficial, e, após investigação, verificou-se que o rumor surgiu em um fórum de opinião militar, embora destaque a capacidade de veto e condicionamento do governo dos EUA em relação ao armamento que vende ou no qual participa.

Agora, avançando, outra notícia relevante para análise é a oferta de 8 caças usados F-16 provenientes da Jordânia, já descrita anteriormente na Zona Militar, com base na análise realizada pelo autor e analista Gonzalo Jiménez Mora, a quem agradeço pela colaboração.

Os 8 aviões oferecidos originalmente são fuselagens fabricadas entre 1980 e 1981, do tipo F-16 A/B Block 15, entregues ao país árabe entre 1997 e 1998 sob arrendamento (leasing). Esses caças já haviam sido usados pela Força Aérea e pela Guarda Nacional Aérea dos Estados Unidos desde sua fabricação e “armazenados com 25% de vida útil remanescente no Centro de Manutenção e Regeneração Aeroespacial (AMARC), na Base Aérea de Davis-Monthan, Tucson, Arizona”. Após concluírem seu serviço na Força Aérea Jordaniana, foram armazenados novamente em 2008, sendo oferecidos os seguintes números de série: 80-0554, 80-0567, 80-0578, 80-0589, 80-0594, 80-0596, 80-0618 e 80-0619.

Todos os mencionados fazem parte do programa “Peace Falcon I e II”, que recebeu a atualização ADF (Air Defense Fighters). Dos 16 caças fabricados pela General Dynamics usados pela Jordânia, apenas os 16 fabricados na Bélgica receberam a atualização padrão OCU (Atualização de Capacidade Operacional), entre 1987 e 1992, atualização que não foi aplicada aos jordanianos.

Com base nisso, o analista Gonzalo Jiménez Mora chegou às seguintes conclusões importantes:

  1. Os aviões estão armazenados há cerca de 16 anos.
  2. Foram fabricados antes dos F-16A/B venezuelanos (recebidos pelo programa “Peace Delta” em 1983/1984).
  3. Os caças oferecidos não correspondem ao Block 20 nem à atualização AM/BM (como alguns internautas colombianos afirmaram erroneamente), pois apenas os fabricados pela SABCA, na Bélgica, receberam essa atualização.
  4. De acordo com a modificação ADF, os aviões têm capacidade de lançar os mísseis AIM-120 AMRAAM e AIM-7 Sparrow.
  5. Os F-16A/B Block 15 OCU ADF estão equipados com o radar APG-66A (“look-down” e iluminação de onda contínua).
  6. A imprensa colombiana (Blu Radio, Ricardo Ospina) mencionou em 15 de novembro que a oferta norte-americana incluiria um radar AN/TPS-70 como “Offset”, equipamento que já foi recebido na primeira semana de dezembro.

As fontes consultadas para essa análise foram F-16.net, Joe Baugher, registros públicos da Lockheed Martin e o IISS.

Por fim, a conclusão é que a decisão ainda não foi tomada. Os políticos responsáveis pela escolha, o Presidente da República e seu ministro da Defesa, parecem ter esquecido os anúncios anteriores, enquanto nossa Força Aérea definha em miséria. Até o momento, não há aprovação fiscal para o “Projeto Novo Caça Supersônico da FAC“. Além disso, os helicópteros Mi-17 estão sem manutenção, os UH Huey II abandonados, e as evacuações no Catatumbo são realizadas com esses mesmos modelos, mas operados por empresas civis que conseguem mantê-los em funcionamento. Faltam treinadores ou aviões de ataque ao solo a jato, e o uso excessivo dos Tucano e Super Tucano ocorre enquanto os treinadores são destinados apenas a desfiles. O futuro da recém-renomeada Força Aeroespacial Colombiana é desolador.

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