Lula defende projeto nuclear da força naval
Tânia Monteiro, BRASÍLIA
Num momento em que se diz preocupado com a demora das licenças ambientais para a construção de usinas nucleares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, ao lado do comandante da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto, a conclusão do programa nuclear da força naval. Na cerimônia que comemorou os 142 anos da batalha naval do Riachuelo, Lula ressaltou a dupla utilidade do programa nuclear da Marinha - além de permitir a construção do submarino nuclear, vai gerar energia elétrica e desenvolver novos materiais.
“A conclusão desse reator permitirá que ingressemos no seleto grupo de países com capacidade de desenvolver submarinos com propulsão nuclear”, disse o presidente. Ao lembrar que o programa nuclear da Marinha foi iniciado em 1979, Lula comentou que ele ajudará a concretizar o ciclo de combustível, empregando ultracentrífugas projetadas no Brasil, além de permitir a conclusão da unidade de gaseificação de compostos de urânio.
O comandante da Marinha disse ao Estado que, para dar prosseguimento ao programa num ritmo adequado, além dos R$ 45 milhões previstos no Orçamento deste ano, serão necessários R$ 88 milhões até dezembro, já solicitados ao Ministério da Defesa e aos ministérios econômicos. Para que o projeto seja finalizado em cinco anos, serão necessários R$ 130 milhões por ano, o que já está inserido no orçamento do período.
REAPARELHAMENTO
Quase em forma de desabafo, o almirante afirmou: “Depois de tantos anos, estamos bem próximos de alcançar a meta de terminar o programa nuclear e aí pensar se se quer ou não construir o submarino de propulsão nuclear, mas de toda maneira, o programa nuclear estará completado”. Mais uma vez, o comandante da Marinha aproveitou para pedir a execução do programa de reaparelhamento da Força. “Tenho esperanças muito fortes de que isso aconteça.”
Após registrar que tem acompanhado os anseios das Forças Armadas, o presidente Lula afirmou estar convicto de que o papel desempenhado pelo Brasil na comunidade internacional “requer que elas estejam adequadamente equipadas e preparadas para o pleno cumprimento de suas funções constitucionais”. O comandante da Marinha, por sua vez, traçou um paralelo com a Guerra da Tríplice Aliança, lembrando que, no século 19, a invasão do território brasileiro pelo Paraguai “encontrou o País despreparado e com suas Forças Armadas desmobilizadas, faltando poderio capaz de dissuadir agressões”.
Cordiales saludos