Primeiro submarino nuclear brasileiro deve ficar pronto até 2021, diz Marinha
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ANDRÉ ZAHAR
colaboração para a Folha Online, no Rio
O primeiro submarino nuclear brasileiro deverá estar pronto até 2021. A afirmação foi feita nesta sexta-feira pelo comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto. Ele também antecipou que o estaleiro dedicado ao submarino deve ser construído na área de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio.
"Queremos fazer na área da Baía de Sepetiba, que fica perto dos pólos industriais de Rio e São Paulo, da Nuclep [Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A.], das usinas de Angra 1 e 2 e do porto de Itaguaí", disse.
Moura Neto participou no Rio de Janeiro da posse do almirante José Alberto Accioly Fragelli como coordenador-geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear.
De acordo com Moura Neto, a primeira etapa do programa, que envolve o ciclo de enriquecimento do urânio no Centro Experimental de Aramar, em Iperó, interior de São Paulo, já está concluída. A construção de uma planta nuclear de produção de energia elétrica está em fase final.
O comandante da Marinha assinalou que quatro submarinos de propulsão convencional começarão a ser fabricados --ainda no Arsenal da Marinha, na capital fluminense-- a partir do ano que vem. Ao mesmo tempo, o projeto do nuclear terá início. Segundo este cronograma, em 2014 o primeiro convencional fica pronto e o nuclear entra em fabricação na área de baía de Sepetiba. O casco será desenvolvido em conjunto com a França. O primeiro submarino nuclear brasileiro deve ficar pronto seis ou sete anos depois disto.
Para o almirante, as descobertas de petróleo na camada pré-sal geram maior necessidade de modernização dos equipamentos da Marinha. "O submarino nuclear reforça a capacidade dissuasória do país diante de qualquer país do mundo. A Marinha tem que ter capacidade de tomar conta das nossas águas. A capacidade de Defesa é o que faz que os países nos respeitem".
A construção do submarino nuclear, equipado com torpedos e mísseis, está prevista na Estratégia Nacional de Defesa, desenvolvida pelos ministros Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) e Nelson Jobim (Defesa). O custo estimado é mais que o dobro do referente a um submarino de propulsão convencional (US$ 600 milhões).
O projeto não fará parte do orçamento da Marinha para 2009 (cerca de R$ 2,7 bilhões), pois deve ser feito com financiamento externo. A Marinha espera gerar pelo menos 600 empregos diretos no país durante o processo.
Precursor do projeto, iniciado em 1979, o atual presidente da Eletronuclerar, almirante da reserva Othon Luiz Pinheiro da Silva, também esteve presente no evento. Ele avaliou que, pelo tamanho da costa brasileira, o país precisa de pelo menos seis submarinos nucleares, apesar da "vocação para a paz" do país. "Defesa tem que ter para não usar", disse.