31 Maio 2008
Novos jogos de guerra
http://noticiasmilitares.blogspot.com/
Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa
Em 11 de maio, à véspera de oficializar a reestatização da siderúrgica Ternium Sidor (adquirida em 1998 pelo grupo argentino Techint), Hugo Chávez acusou o colombiano Álvaro Uribe de “querer uma guerra por estar jogando o jogo que lhe ordenam dos Estados Unidos”.
Dois dias antes, o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, afirmara que Ivan Márquez, um dos dirigentes das Farc, estava na Venezuela e voltou a acusar Caracas de apoiar “terroristas”. Desde março, o governo da Colômbia vaza, a conta-gotas, trechos selecionados de arquivos supostamente encontrados em laptops tomados após o ataque colombiano de 1º de março, que massacrou Raúl Reyes e seus guerrilheiros em território equatoriano, interpretados de maneira a sugerir apoio financeiro e militar da Venezuela e do Equador à guerrilha. Chávez igualou as alegações de Bogotá aos documentos e indícios sobre inexistentes “armas de destruição em massa” forjados por Washington e Londres para justificar a invasão do Iraque.
As ansiedades de Caracas têm sido alimentadas também pelo Pentágono, que em 24 de abril anunciou que, a partir de 1º de julho, será recriada a IV Frota, com sede na Flórida e especialmente destinada aos mares latino-americanos – embora o ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, tenha se adiantado a dizer que ela não entrará em águas territoriais brasileiras sem autorização.
A IV Frota foi criada em 1943 para caçar submarinos alemães e em 1950, em pleno auge da Guerra Fria, foi considerada desnecessária e incorporada à II Frota, responsável pelo Atlântico. Recriá-la hoje é ameaçar explicitamente Chávez e seus aliados. Os EUA já tinham seis frotas ativas e não precisam de mais uma apenas para combater o narcotráfico e oferecer ajuda humanitária, conforme foi alegado no ato da recriação.
Ainda que o navio-hospital Comfort tenha sido designado como capitânia, em um futuro próximo o núcleo da frota poderá ser o superporta-aviões George H. W. Bush (Bush pai). Em fase final de construção, entrará em operação no próximo ano e pode substituir, com vantagem, a base aérea de Manta, cuja concessão aos EUA termina em 2009 e o Equador recusa-se a renovar.
A médio prazo, a nova frota pode representar uma ameaça constante aos governos da região. A curto, serve como mais um respaldo a Uribe, que enfrenta dificuldades crescentes. Algumas delas devidas ao próprio Congresso dos EUA, que reluta em aprovar o acordo de livre-comércio que tem sido a prioridade da política externa colombiana, mas as internas são mais sérias.
Acumulam-se revelações sobre o envolvimento de seus parentes, generais e aliados políticos com os paramilitares que, supostamente “desmobilizados” em 2005, continuam assassinando sindicalistas, líderes de movimentos sociais e camponeses. Em 22 de abril, depois de ter o asilo recusado pela embaixada da Costa Rica, foi preso Mario Uribe Escobar, primo-irmão do presidente, que foi senador e presidente do Congresso até ser obrigado a renunciar em outubro de 2007. O presidente da Suprema Corte, César Julio Valencia, revelou que o presidente Uribe lhe telefonara em setembro para se queixar da investigação sobre o primo. O governante, em represália, denunciou-o por calúnia.
Desde 18 de abril, a Corte também investiga Nancy Patricia Gutiérrez, sucessora de Mario como presidente do Congresso e em 3 de maio foi preso Ricardo Elcure Chacón, que o substituiu em sua cadeira no Senado. Em um Congresso de 268 integrantes, 33 estão atrás das grades e outros 32 investigados ou processados, quase todos uribistas.
Foi para dificultar essas investigações que, em 14 de maio, Uribe extraditou para os EUA 14 paramilitares detidos por narcotráfico, inclusive Salvatore Mancuso, autor de muitas das denúncias que levaram à investigação de políticos uribistas – precisamente quando haviam começado a ser formalmente interrogados. Nos EUA, o julgamento se concentrará nas rotas de narcotráfico e não nas atrocidades perpetradas para apoiar políticos da base de Uribe, que incluem a chacina de pelo menos 3,5 mil oposicionistas.
Se há algum ruído capaz de abafar tais escândalos no mercado interno, é o espantalho da aliança das Farc com Chávez e Correa, até mesmo enquanto este último viaja pela Europa e colhe elogios de Zapatero e Sarkozy por seus esforços de mediação.
Chávez denuncia os arquivos como uma armação dos EUA com apoio de Bogotá e funcionários da Interpol, que nos próximos dias deverá divulgar seu parecer, provavelmente positivo, sobre a autenticidade dos laptops. Mas a gravidade do caso não está no que os arquivos dizem por si – muito pouco –, e sim a interpretação construída por Bogotá e pelos jornais uribistas.
Uma carta aberta assinada por 21 analistas e cientistas de universidades e institutos de relações internacionais advertiu os meios de comunicação dos EUA: mesmo que os arquivos sejam autênticos, nada do que foi divulgado sustenta a tese da ligação da Venezuela ou do Equador com as Farc.
Apontou, além disso, para os esforços sistemáticos de Bogotá para distorcer seu conteúdo. O fundamento para acusar Chávez de dar apoio material às Farc é a alegação de que a pessoa referida nos arquivos de Reyes como “Ángel” é o presidente da Venezuela. Mas os textos encontrados citam Ángel e Chávez como pessoas distintas, às vezes no mesmo parágrafo.
A noção de que a Venezuela forneceu ou pretendeu fornecer 300 milhões de dólares à guerrilha baseia-se em uma só passagem de uma carta de 23 de dezembro, enviada por Reyes ao secretariado das Farc: “Com relação aos 300, que de agora em diante chamaremos ‘dossiê’...”. Em parte alguma encontra-se qualquer informação para sustentar que isso se refere a milhões de dólares e não, por exemplo, a reféns, contatos, alvos ou qualquer outra coisa.
Os autores endossam a análise de Adam Isacson, da ONG Centro para Política Internacional, segundo a qual as mensagens entre guerrilheiros sobre Chávez e da Venezuela indicam uma relação distante, ainda que cordial, até o outono (do Hemisfério Norte) de 2007, quando Caracas começou a participar das negociações sobre reféns. O próprio secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, afirmou categoricamente ao subcomitê da Câmara dos EUA sobre relações com a América Latina, que não há evidência de ligação da Venezuela com os rebeldes colombianos.
Além disso, os especialistas, encabeçados por Charles Bergquist, da Universidade de Washington, e Larry Birns, da ONG Conselho sobre Assuntos Hemisféricos, sublinham que outras afirmações das autoridades colombianas sobre os laptops já se mostraram falsas. É o caso da suposta foto de um encontro de líderes das Farc com um funcionário do gabinete equatoriano e a alegação de conspiração da guerrilha para construir uma “bomba suja”, esta última foi abertamente desmentida pelos EUA.
A matéria-prima da “bomba” seriam alguns quilos de urânio empobrecido (depleted uranium ou DU), material muito usado pelo Pentágono em projéteis (como os disparados pelos bombardeiros A-10 e helicópteros Apache) e na blindagem de tanques. Desde a Guerra do Golfo de 1991, esse material foi despejado às centenas de toneladas no Iraque, Bósnia e Kosovo. Veteranos solicitaram indenizações por doenças e filhos defeituosos atribuídos a seu contato com DU e o Pentágono as negou, apoiando-se na evidência científica de que a radioatividade desse material não é significativa. Tanto que é usado como proteção contra radiação em equipamentos de radioterapia e radiografia.
Continua a polêmica sobre os riscos toxicológicos do DU a longo prazo, mas certamente não serve como “bomba suja” e o Pentágono, depois de décadas a convencer soldados e tribunais de que o material é inofensivo, não pode deixar a Colômbia apontá-lo como arma de destruição em massa. Apesar dos receios de Chávez, Uribe deve ter decidido imitar Colin Powell e Tony Blair sem autorização de Washington. É difícil acusar a CIA de erro tão banal.
Texto traducido:
31 Mayo 2008
Nuevos juegos de guerra
Antonio Luiz Monteiro Coelho de Costa
El 11 de mayo, a la víspera de oficializar la reestatização de la siderúrgica Ternium Sidor (adquirida en 1998 por el grupo argentino Techint), Hugo Chávez acusó el colombiano Álvaro Uribe de “querer una guerra por estar echando el partido que le ordenan de Estados Unidos”.
Dos días antes, el ministro de la Defensa colombiano, Juan Manuel Santos, había afirmado que Ivan Márquez, uno de los dirigentes de las Farc, estaba en Venezuela y volvió a acusar Caracas de apoyar “terroristas”. Desde marzo, el gobierno de Colombia baza, a cuentagotas, trechos seleccionados de archivos presuntamente encontrados en portátiles tomados después del ataque colombiano de 1º de marzo, que masacró Raúl Reyes y sus guerrilleros en territorio ecuatoriano, interpretados de manera a sugerir apoyo financiero y militar de Venezuela y de Ecuador a la guerrilla. Chávez igualó las alegaciones de Bogotá a los documentos e indicios sobre inexistentes “armas de destrucción masiva” forjados por Washington y Londres para justificar la invasión de Irak.
Las ansiedades de Caracas están siendo alimentadas también por el Pentágono, que el 24 de abril anunció que, a partir de 1º de julio, será recriada a IV Flota, con sed en Florida y en especial destinada a los mares latinoamericanos – aunque el ministro de la Defensa brasileño, Nelson Jobim, tenga se adelantado a decir que ella no entrará en aguas territoriales brasileñas sin autorización.
La IV Flota fue creada en 1943 para cazar submarinos alemanes y en 1950, en pleno auge de la Guerra Fría, fue considerada innecesaria e incorporada a la II Flota, responsable por el Atlántico. Recriá-la hoy es amenazar explícitamente Chávez y sus aliados. Los EE UU ya tenían seis flotas activas y no necesitan de más una sólo para combatir el narcotráfico y ofrecer ayuda humanitaria, conforme fue alegado en el acto de la recreación.
Aunque el barco-hospital Comfort haya sido designado como capitânia, en un futuro próximo el núcleo de la flota podrá ser el superporta-aviones George H. W. Bush (Bush padre). En fase final de construcción, entrará en operación en el año próximo y puede substituir, con ventaja, la base aérea de Manta, cuya concesión a EE UU termina en 2009 y Ecuador se recusa la renovar.
A medio plazo, la nueva flota puede representar una amenaza constante a los gobiernos de la región. A corto, sirve como un respaldo más Uribe, que enfrenta dificultades crecientes. Algunas de ellas debidas al propio Congreso de EE UU, que relucha en aprobar el acuerdo de libre-comercio que está siendo la prioridad de la política externa colombiana, pero las internas son más serias.
Se acumulan revelaciones sobre el envolvimiento de sus parientes, generales y aliados políticos con los paramilitares que, presuntamente “desmovilizados” en 2005, continúan asesinando sindicalistas, líderes de movimientos sociales y campesinos. El 22 de abril, después de tener el asilo recusado por la embajada de Costa Rica, fue preso Mario Uribe Escobar, primo-hermano del presidente, que fue senador y presidente del Congreso hasta ser obligado a renunciar en octubre de 2007. El presidente de la Suprema Corte, César Julio Valencia, reveló que el presidente Uribe le había llamado en septiembre para quejarse de la investigación sobre el primo. El gobernante, en represalia, denunció-el por calumnia.
Desde 18 de abril, la Corte también investiga Nancy Patricia Gutiérrez, sucesora de Mario como presidente del Congreso y el 3 de mayo fue preso Ricardo Elcure Chacón, que lo substituyó en su silla en el Senado. En un Congreso de 268 integrantes, 33 están atrás de las rejas y otros 32 investigados o procesados, casi todos uribistas.
Fue para dificultar esas investigaciones que, el 14 de mayo, Uribe extraditó para EEUU 14 paramilitares detenidos por narcotráfico, inclusive Salvatore Mancuso, autor de muchas de las denuncias que llevaron a la investigación de políticos uribistas – precisamente cuando habían empezado a ser formalmente interrogados. En EE UU, el juicio se concentrará en las rutas de narcotráfico y no en las atrocidades perpetradas para apoyar políticos de la base de Uribe, que incluyen la matanza de al menos 3,5 mil oposicionistas.
Se hay algún ruido capaz de sofocar tais escándalos en el mercado interno, es el espantajo de la alianza de las Farc con Chávez y Correa, hasta mismo mientras este último viaja por Europa y cosecha elogios de Zapatero y Sarkozy por sus esfuerzos de mediación.
Chávez denuncia los archivos como un armazón de EE UU con apoyo de Bogotá y funcionarios de la Interpol, que en los próximos días deberá divulgar su parecer, probablemente positivo, sobre la autenticidad de los portátiles. Pero la gravedad del caso no está en lo que los archivos dicen por sí – mucho poco –, y sí la interpretación construida por Bogotá y por los periódicos uribistas.
Una carta abierta firmada por 21 analistas y científicos de universidades e institutos de relaciones internacionales advirtió los medios de comunicación de EE UU: aunque los archivos seamos auténticos, nada que fue divulgado sustenta la tesis de la llamada de Venezuela o de Ecuador con las Farc.
Apuntó, además, para los esfuerzos sistemáticos de Bogotá para distorsionar su contenido. El fundamento para acusar Chávez de dar apoyo material a las Farc es la alegación de que la persona referida en los archivos de Reyes como “Ángel” es el presidente de Venezuela. Pero los textos encontrados citan Ángel y Chávez como personas distintas, a veces en el mismo párrafo.
La noción de que Venezuela suministró o pretendió suministrar 300 millones de dólares a la guerrilla se basa en un solo paso de una carta de 23 de diciembre, enviada por Reyes al secretariado de las Farc: “Con respecto a los 300, que de ahora en adelante llamaremos ‘dossier'...”. En parte alguna se encuentra cualquier información para sustentar que eso se refiere la millones de dólares y no, por ejemplo, a rehenes, contactos, blancos o cualquier otra cosa.
Los autores endosan el análisis de Adam Isacson, de la ONG Centro para Política Internacional, según la cuál los mensajes entre guerrilleros sobre Chávez y de Venezuela indican una relación distante, aunque cordial, hasta el otoño (del Hemisferio Norte) de 2007, cuando Caracas comenzó a participar de las negociaciones sobre rehenes. El propio secretario general de la OEA, José Miguel Insulza, afirmó categóricamente al subcomitê de Cámara de EE UU sobre relaciones con américa Latina, que no hay evidencia de enlace de Venezuela con los rebeldes colombianos.
Además, los expertos, encabezados por Charles Bergquist, de la Universidad de Washington, y Larry Birns, de la ONG Consejo sobre Asuntos Hemisféricos, subrayan que otras afirmaciones de las autoridades colombianas sobre los portátiles ya se mostraron falsas. Es el caso de la supuesta foto de un encuentro de líderes de las Farc con un funcionario del gabinete ecuatoriano y la alegación de conspiración de la guerrilla para construir una “bomba sucia”, esta última fue abiertamente desmentida por EE UU.
La materia prima de la “bomba” serían algunos kilos de uranio empobrecido (depleted uranium o DU), material mucho usado por el Pentágono en proyectiles (como los disparados por los bombarderos La-10 y helicópteros Apache) y en el blindaje de tanques. Desde la Guerra del Golfo de 1991, ese material fue despejado a los cientos de toneladas en Irak, Bosnia y Kosovo. Veteranos solicitaron indemnizaciones por enfermedades e hijos defectuosos atribuidos a su contacto con DU y el Pentágono las negó, se apoyando en la evidencia científica de que la radioactividad de ese material no es significativa. Tanto que es usado como protección contra radiación en equipamientos de radioterapia y radiografía.
Continúa la polémica sobre los riesgos toxicológicos del DU a largo plazo, pero ciertamente no sirve como “bomba sucia” y el Pentágono, después de décadas a convencer soldados y tribunales de que el material es inofensivo, no puede dejar Colombia apuntarlo como arma de destrucción masiva. A pesar de los recelos de Chávez, Uribe debe tener decidido imitar Colin Powell y Tony Blair sin autorización de Washington. Es difícil acusar la CIA de error tan banal.
Novos jogos de guerra
http://noticiasmilitares.blogspot.com/
Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa
Em 11 de maio, à véspera de oficializar a reestatização da siderúrgica Ternium Sidor (adquirida em 1998 pelo grupo argentino Techint), Hugo Chávez acusou o colombiano Álvaro Uribe de “querer uma guerra por estar jogando o jogo que lhe ordenam dos Estados Unidos”.
Dois dias antes, o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, afirmara que Ivan Márquez, um dos dirigentes das Farc, estava na Venezuela e voltou a acusar Caracas de apoiar “terroristas”. Desde março, o governo da Colômbia vaza, a conta-gotas, trechos selecionados de arquivos supostamente encontrados em laptops tomados após o ataque colombiano de 1º de março, que massacrou Raúl Reyes e seus guerrilheiros em território equatoriano, interpretados de maneira a sugerir apoio financeiro e militar da Venezuela e do Equador à guerrilha. Chávez igualou as alegações de Bogotá aos documentos e indícios sobre inexistentes “armas de destruição em massa” forjados por Washington e Londres para justificar a invasão do Iraque.
As ansiedades de Caracas têm sido alimentadas também pelo Pentágono, que em 24 de abril anunciou que, a partir de 1º de julho, será recriada a IV Frota, com sede na Flórida e especialmente destinada aos mares latino-americanos – embora o ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, tenha se adiantado a dizer que ela não entrará em águas territoriais brasileiras sem autorização.
A IV Frota foi criada em 1943 para caçar submarinos alemães e em 1950, em pleno auge da Guerra Fria, foi considerada desnecessária e incorporada à II Frota, responsável pelo Atlântico. Recriá-la hoje é ameaçar explicitamente Chávez e seus aliados. Os EUA já tinham seis frotas ativas e não precisam de mais uma apenas para combater o narcotráfico e oferecer ajuda humanitária, conforme foi alegado no ato da recriação.
Ainda que o navio-hospital Comfort tenha sido designado como capitânia, em um futuro próximo o núcleo da frota poderá ser o superporta-aviões George H. W. Bush (Bush pai). Em fase final de construção, entrará em operação no próximo ano e pode substituir, com vantagem, a base aérea de Manta, cuja concessão aos EUA termina em 2009 e o Equador recusa-se a renovar.
A médio prazo, a nova frota pode representar uma ameaça constante aos governos da região. A curto, serve como mais um respaldo a Uribe, que enfrenta dificuldades crescentes. Algumas delas devidas ao próprio Congresso dos EUA, que reluta em aprovar o acordo de livre-comércio que tem sido a prioridade da política externa colombiana, mas as internas são mais sérias.
Acumulam-se revelações sobre o envolvimento de seus parentes, generais e aliados políticos com os paramilitares que, supostamente “desmobilizados” em 2005, continuam assassinando sindicalistas, líderes de movimentos sociais e camponeses. Em 22 de abril, depois de ter o asilo recusado pela embaixada da Costa Rica, foi preso Mario Uribe Escobar, primo-irmão do presidente, que foi senador e presidente do Congresso até ser obrigado a renunciar em outubro de 2007. O presidente da Suprema Corte, César Julio Valencia, revelou que o presidente Uribe lhe telefonara em setembro para se queixar da investigação sobre o primo. O governante, em represália, denunciou-o por calúnia.
Desde 18 de abril, a Corte também investiga Nancy Patricia Gutiérrez, sucessora de Mario como presidente do Congresso e em 3 de maio foi preso Ricardo Elcure Chacón, que o substituiu em sua cadeira no Senado. Em um Congresso de 268 integrantes, 33 estão atrás das grades e outros 32 investigados ou processados, quase todos uribistas.
Foi para dificultar essas investigações que, em 14 de maio, Uribe extraditou para os EUA 14 paramilitares detidos por narcotráfico, inclusive Salvatore Mancuso, autor de muitas das denúncias que levaram à investigação de políticos uribistas – precisamente quando haviam começado a ser formalmente interrogados. Nos EUA, o julgamento se concentrará nas rotas de narcotráfico e não nas atrocidades perpetradas para apoiar políticos da base de Uribe, que incluem a chacina de pelo menos 3,5 mil oposicionistas.
Se há algum ruído capaz de abafar tais escândalos no mercado interno, é o espantalho da aliança das Farc com Chávez e Correa, até mesmo enquanto este último viaja pela Europa e colhe elogios de Zapatero e Sarkozy por seus esforços de mediação.
Chávez denuncia os arquivos como uma armação dos EUA com apoio de Bogotá e funcionários da Interpol, que nos próximos dias deverá divulgar seu parecer, provavelmente positivo, sobre a autenticidade dos laptops. Mas a gravidade do caso não está no que os arquivos dizem por si – muito pouco –, e sim a interpretação construída por Bogotá e pelos jornais uribistas.
Uma carta aberta assinada por 21 analistas e cientistas de universidades e institutos de relações internacionais advertiu os meios de comunicação dos EUA: mesmo que os arquivos sejam autênticos, nada do que foi divulgado sustenta a tese da ligação da Venezuela ou do Equador com as Farc.
Apontou, além disso, para os esforços sistemáticos de Bogotá para distorcer seu conteúdo. O fundamento para acusar Chávez de dar apoio material às Farc é a alegação de que a pessoa referida nos arquivos de Reyes como “Ángel” é o presidente da Venezuela. Mas os textos encontrados citam Ángel e Chávez como pessoas distintas, às vezes no mesmo parágrafo.
A noção de que a Venezuela forneceu ou pretendeu fornecer 300 milhões de dólares à guerrilha baseia-se em uma só passagem de uma carta de 23 de dezembro, enviada por Reyes ao secretariado das Farc: “Com relação aos 300, que de agora em diante chamaremos ‘dossiê’...”. Em parte alguma encontra-se qualquer informação para sustentar que isso se refere a milhões de dólares e não, por exemplo, a reféns, contatos, alvos ou qualquer outra coisa.
Os autores endossam a análise de Adam Isacson, da ONG Centro para Política Internacional, segundo a qual as mensagens entre guerrilheiros sobre Chávez e da Venezuela indicam uma relação distante, ainda que cordial, até o outono (do Hemisfério Norte) de 2007, quando Caracas começou a participar das negociações sobre reféns. O próprio secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, afirmou categoricamente ao subcomitê da Câmara dos EUA sobre relações com a América Latina, que não há evidência de ligação da Venezuela com os rebeldes colombianos.
Além disso, os especialistas, encabeçados por Charles Bergquist, da Universidade de Washington, e Larry Birns, da ONG Conselho sobre Assuntos Hemisféricos, sublinham que outras afirmações das autoridades colombianas sobre os laptops já se mostraram falsas. É o caso da suposta foto de um encontro de líderes das Farc com um funcionário do gabinete equatoriano e a alegação de conspiração da guerrilha para construir uma “bomba suja”, esta última foi abertamente desmentida pelos EUA.
A matéria-prima da “bomba” seriam alguns quilos de urânio empobrecido (depleted uranium ou DU), material muito usado pelo Pentágono em projéteis (como os disparados pelos bombardeiros A-10 e helicópteros Apache) e na blindagem de tanques. Desde a Guerra do Golfo de 1991, esse material foi despejado às centenas de toneladas no Iraque, Bósnia e Kosovo. Veteranos solicitaram indenizações por doenças e filhos defeituosos atribuídos a seu contato com DU e o Pentágono as negou, apoiando-se na evidência científica de que a radioatividade desse material não é significativa. Tanto que é usado como proteção contra radiação em equipamentos de radioterapia e radiografia.
Continua a polêmica sobre os riscos toxicológicos do DU a longo prazo, mas certamente não serve como “bomba suja” e o Pentágono, depois de décadas a convencer soldados e tribunais de que o material é inofensivo, não pode deixar a Colômbia apontá-lo como arma de destruição em massa. Apesar dos receios de Chávez, Uribe deve ter decidido imitar Colin Powell e Tony Blair sem autorização de Washington. É difícil acusar a CIA de erro tão banal.
Texto traducido:
31 Mayo 2008
Nuevos juegos de guerra
Antonio Luiz Monteiro Coelho de Costa
El 11 de mayo, a la víspera de oficializar la reestatização de la siderúrgica Ternium Sidor (adquirida en 1998 por el grupo argentino Techint), Hugo Chávez acusó el colombiano Álvaro Uribe de “querer una guerra por estar echando el partido que le ordenan de Estados Unidos”.
Dos días antes, el ministro de la Defensa colombiano, Juan Manuel Santos, había afirmado que Ivan Márquez, uno de los dirigentes de las Farc, estaba en Venezuela y volvió a acusar Caracas de apoyar “terroristas”. Desde marzo, el gobierno de Colombia baza, a cuentagotas, trechos seleccionados de archivos presuntamente encontrados en portátiles tomados después del ataque colombiano de 1º de marzo, que masacró Raúl Reyes y sus guerrilleros en territorio ecuatoriano, interpretados de manera a sugerir apoyo financiero y militar de Venezuela y de Ecuador a la guerrilla. Chávez igualó las alegaciones de Bogotá a los documentos e indicios sobre inexistentes “armas de destrucción masiva” forjados por Washington y Londres para justificar la invasión de Irak.
Las ansiedades de Caracas están siendo alimentadas también por el Pentágono, que el 24 de abril anunció que, a partir de 1º de julio, será recriada a IV Flota, con sed en Florida y en especial destinada a los mares latinoamericanos – aunque el ministro de la Defensa brasileño, Nelson Jobim, tenga se adelantado a decir que ella no entrará en aguas territoriales brasileñas sin autorización.
La IV Flota fue creada en 1943 para cazar submarinos alemanes y en 1950, en pleno auge de la Guerra Fría, fue considerada innecesaria e incorporada a la II Flota, responsable por el Atlántico. Recriá-la hoy es amenazar explícitamente Chávez y sus aliados. Los EE UU ya tenían seis flotas activas y no necesitan de más una sólo para combatir el narcotráfico y ofrecer ayuda humanitaria, conforme fue alegado en el acto de la recreación.
Aunque el barco-hospital Comfort haya sido designado como capitânia, en un futuro próximo el núcleo de la flota podrá ser el superporta-aviones George H. W. Bush (Bush padre). En fase final de construcción, entrará en operación en el año próximo y puede substituir, con ventaja, la base aérea de Manta, cuya concesión a EE UU termina en 2009 y Ecuador se recusa la renovar.
A medio plazo, la nueva flota puede representar una amenaza constante a los gobiernos de la región. A corto, sirve como un respaldo más Uribe, que enfrenta dificultades crecientes. Algunas de ellas debidas al propio Congreso de EE UU, que relucha en aprobar el acuerdo de libre-comercio que está siendo la prioridad de la política externa colombiana, pero las internas son más serias.
Se acumulan revelaciones sobre el envolvimiento de sus parientes, generales y aliados políticos con los paramilitares que, presuntamente “desmovilizados” en 2005, continúan asesinando sindicalistas, líderes de movimientos sociales y campesinos. El 22 de abril, después de tener el asilo recusado por la embajada de Costa Rica, fue preso Mario Uribe Escobar, primo-hermano del presidente, que fue senador y presidente del Congreso hasta ser obligado a renunciar en octubre de 2007. El presidente de la Suprema Corte, César Julio Valencia, reveló que el presidente Uribe le había llamado en septiembre para quejarse de la investigación sobre el primo. El gobernante, en represalia, denunció-el por calumnia.
Desde 18 de abril, la Corte también investiga Nancy Patricia Gutiérrez, sucesora de Mario como presidente del Congreso y el 3 de mayo fue preso Ricardo Elcure Chacón, que lo substituyó en su silla en el Senado. En un Congreso de 268 integrantes, 33 están atrás de las rejas y otros 32 investigados o procesados, casi todos uribistas.
Fue para dificultar esas investigaciones que, el 14 de mayo, Uribe extraditó para EEUU 14 paramilitares detenidos por narcotráfico, inclusive Salvatore Mancuso, autor de muchas de las denuncias que llevaron a la investigación de políticos uribistas – precisamente cuando habían empezado a ser formalmente interrogados. En EE UU, el juicio se concentrará en las rutas de narcotráfico y no en las atrocidades perpetradas para apoyar políticos de la base de Uribe, que incluyen la matanza de al menos 3,5 mil oposicionistas.
Se hay algún ruido capaz de sofocar tais escándalos en el mercado interno, es el espantajo de la alianza de las Farc con Chávez y Correa, hasta mismo mientras este último viaja por Europa y cosecha elogios de Zapatero y Sarkozy por sus esfuerzos de mediación.
Chávez denuncia los archivos como un armazón de EE UU con apoyo de Bogotá y funcionarios de la Interpol, que en los próximos días deberá divulgar su parecer, probablemente positivo, sobre la autenticidad de los portátiles. Pero la gravedad del caso no está en lo que los archivos dicen por sí – mucho poco –, y sí la interpretación construida por Bogotá y por los periódicos uribistas.
Una carta abierta firmada por 21 analistas y científicos de universidades e institutos de relaciones internacionales advirtió los medios de comunicación de EE UU: aunque los archivos seamos auténticos, nada que fue divulgado sustenta la tesis de la llamada de Venezuela o de Ecuador con las Farc.
Apuntó, además, para los esfuerzos sistemáticos de Bogotá para distorsionar su contenido. El fundamento para acusar Chávez de dar apoyo material a las Farc es la alegación de que la persona referida en los archivos de Reyes como “Ángel” es el presidente de Venezuela. Pero los textos encontrados citan Ángel y Chávez como personas distintas, a veces en el mismo párrafo.
La noción de que Venezuela suministró o pretendió suministrar 300 millones de dólares a la guerrilla se basa en un solo paso de una carta de 23 de diciembre, enviada por Reyes al secretariado de las Farc: “Con respecto a los 300, que de ahora en adelante llamaremos ‘dossier'...”. En parte alguna se encuentra cualquier información para sustentar que eso se refiere la millones de dólares y no, por ejemplo, a rehenes, contactos, blancos o cualquier otra cosa.
Los autores endosan el análisis de Adam Isacson, de la ONG Centro para Política Internacional, según la cuál los mensajes entre guerrilleros sobre Chávez y de Venezuela indican una relación distante, aunque cordial, hasta el otoño (del Hemisferio Norte) de 2007, cuando Caracas comenzó a participar de las negociaciones sobre rehenes. El propio secretario general de la OEA, José Miguel Insulza, afirmó categóricamente al subcomitê de Cámara de EE UU sobre relaciones con américa Latina, que no hay evidencia de enlace de Venezuela con los rebeldes colombianos.
Además, los expertos, encabezados por Charles Bergquist, de la Universidad de Washington, y Larry Birns, de la ONG Consejo sobre Asuntos Hemisféricos, subrayan que otras afirmaciones de las autoridades colombianas sobre los portátiles ya se mostraron falsas. Es el caso de la supuesta foto de un encuentro de líderes de las Farc con un funcionario del gabinete ecuatoriano y la alegación de conspiración de la guerrilla para construir una “bomba sucia”, esta última fue abiertamente desmentida por EE UU.
La materia prima de la “bomba” serían algunos kilos de uranio empobrecido (depleted uranium o DU), material mucho usado por el Pentágono en proyectiles (como los disparados por los bombarderos La-10 y helicópteros Apache) y en el blindaje de tanques. Desde la Guerra del Golfo de 1991, ese material fue despejado a los cientos de toneladas en Irak, Bosnia y Kosovo. Veteranos solicitaron indemnizaciones por enfermedades e hijos defectuosos atribuidos a su contacto con DU y el Pentágono las negó, se apoyando en la evidencia científica de que la radioactividad de ese material no es significativa. Tanto que es usado como protección contra radiación en equipamientos de radioterapia y radiografía.
Continúa la polémica sobre los riesgos toxicológicos del DU a largo plazo, pero ciertamente no sirve como “bomba sucia” y el Pentágono, después de décadas a convencer soldados y tribunales de que el material es inofensivo, no puede dejar Colombia apuntarlo como arma de destrucción masiva. A pesar de los recelos de Chávez, Uribe debe tener decidido imitar Colin Powell y Tony Blair sin autorización de Washington. Es difícil acusar la CIA de error tan banal.