No paiol, mais um fuzil antiaéreo
Depois de sucessivas operações em favelas dominadas pela principal facção criminosa do Rio, cerca de 250 policiais de 10 delegacias especializadas ocuparam ontem o Complexo de São Carlos, no Estácio, considerado o principal entreposto de drogas e armas da quadrilha rival. Além de um paiol com mil munições e 10 armas - incluindo cinco fuzis, um deles antiaéreo, o 23º apreendido na gestão do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame - os policiais chegaram até uma suíte transformada em motel pelo chefe do tráfico na região, Anderson Rosa de Oliveira, o Coelho. Um homem morreu e um dos gerentes do tráfico foi preso.
Nenhum dos 18 mandados de prisão foi cumprido nem se confirmou a informação de que bandidos da Rocinha teriam se refugiado na favela por conta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os policiais chegaram à favela por volta das 9h com o apoio de dois helicópteros. No Morro da Mineira, na localidade Chiqueiro, um bandido não identificado foi morto por um tiro disparado do helicóptero. Com ele havia um fuzil Parafal, exclusivo das Forças Armadas.
Alto poder bélico
O soldado do tráfico fazia a segurança dos gerentes da boca-de-fumo que se reuniam num paiol desbaratado pela polícia. Houve novo confronto, mas os bandidos fugiram. No imóvel de dois quartos - cujas paredes tinham marcas de batom e cartas de crianças penduradas - os policiais encontraram mais quatro fuzis, duas espingardas e três pistolas, 10 carregadores e cerca de mil cartuchos de munição. Entre as armas de grosso calibre havia um ponto 30(.30), capaz de derrubar helicópteros e perfurar blindados, um AK-47, usado em guerrilhas, um fuzil alemão desmontado e um Mauser 7.62, exclusivo das Forças Armadas, usado por atiradores de elite.
O armamento estava escondido atrás das portas e debaixo dos colchões. No armário, a polícia encontrou cerca de 2 mil papelotes de cocaína e trouxinhas de maconha. A polícia acredita que no imóvel funcionava uma oficina de armas, devido a partes de fuzis desmontados achados no local. Junto do material havia também camisas comemorando um ano da quadrilha na Mineira. Numa delas, que teria sido enviada por um comparsa do presídio, havia a foto de um bandido armado com a inscrição "em breve, voltarei".
- O São Carlos é o quartel general da ADA, onde se concentram as drogas e armas que abastecem a quadrilha - informou o delegado Carlos Oliveira, titular da Delegacia de Repressão às Armas e Explosivos. - Temos informações até de que bandidos da Rocinha estariam escondidos na Mineira, o que não foi confirmado, mas não é impossível por se tratar da mesma quadrilha.