Parceria renovada
Presidenta eleita Cristina Kirchner acerta investimentos da Petrobras em seu país e a construção de uma termelétrica. Para tirar projetos do papel, ela cobra acompanhamento: “Quero resultados concretos”
Claudio Dantas Sequeira
Da equipe do Correio
A presidenta eleita da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, quer imprimir uma nova dinâmica ao processo de integração regional. No encontro que teve ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela sugeriu um novo modelo de relacionamento bilateral, baseado em grandes temas e no controle rígido de metas. Segundo o Correio apurou, Lula e Cristina rascunharam um ambicioso plano de trabalho conjunto, que prevê pesados investimentos da Petrobras na prospeção de petróleo em águas profundas na Argentina e a construção de uma termelétrica bicombustível (gás e diesel). A estatal brasileira já tem no país vizinho a termelétrica Genelba, com capacidade de 600 MW.
O tema energético, que está entre os principais desafios do governo de Cristina (leia o Para saber mais), foi reforçado com a promessa de avançar no projeto binacional de construção da hidrelétrica de Garabí, no Rio Uruguai. Essa parceria, segundo o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, será prioritária no encontro bilateral de fevereiro. “Garabí vai ser uma das questões que talvez entrem como prioridade na próxima reunião entre os dois. A expectativa é que se possa ter em Garabí uma proposta mais concreta até fevereiro”, disse Garcia. A coordenação com os investimentos na Bolívia também entrou no topo da lista.
Mas a parceria estratégica vai além, compreendendo a cooperação em defesa, espaço, energia nuclear, temas sociais, economia e comércio. “Estamos estudando um acordo entre a Embraer e a FMA (Fábrica Militar de Aviones) argentina para fabricar um avião militar de transporte”, disse à reportagem a ministra da Defesa, Nilza Garré, em referência ao modelo EMB C-390. A aeronave tem capacidade para transportar até 19 toneladas de carga e uma rampa traseira para blindados e desembarque rápido de tropas. Turquia, Chile e África do Sul também já demonstraram interesse em participar do projeto. “Avançaremos no diálogo nas próximas semanas”, emendou Garré.