Nelson Jobim quer reativar indústria bélica nacional
São José dos Campos (SP), 23 de Novembro de 2007 - Abandonada há duas décadas, a indústria bélica nacional – agora denominada, pelo ministro Nelson Jobim, indústria de defesa –, será reativada com ajuda do governo federal. Em visita ontem ao pólo fabril armamentista, sediado em grande parte em São José dos Campos (SP) e outras cidades da região do Vale do Paraíba, o ministro da Defesa examinou a potencialidade e as dificuldades das empresas para elaborar um programa de soerguimento do setor.
A reformulação do Plano Estratégico de Defesa pelo governo federal prevê como prioridade a criação de um "forte e independente" pólo tecnológico no setor de armamentos. "Estamos aqui para fazer essa verificação para que possamos instruir nosso plano nacional", disse revelando a intenção de reestruturar o complexo fabril que chegou a ser o grande exportador do País em parte das décadas de 70 e 80."É evidente que apenas as compras públicas de nossas Forças Armadas não alimentariam uma indústria desta natureza, mas se nós criarmos um parque importante nós teremos um espaço na América Latina para a exportação. Temos que trabalhar também com a exportação, nós temos que lembrar que um plano estratégico não pode se desvincular do desenvolvimento nacional, senão seria uma agenda exclusiva. Queremos que isto faça parte do planejamento de longo prazo do País", afirmou.
Potencial exportador
A viabilidade do Brasil retornar a ser fornecedor de produtos de defesa para a região passará por uma negociação com os países latino-americanos, que começa a ser articulada pelo governo. O ministério da Defesa, por determinação do presidente Lula, irá propor a criação do Conselho Sul Americano de Defesa aos países da região. O primeiro país a ser visitado será o Chile.
Jobim visitou as instalações da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), fabricante dos turboélices ALX e responsável pela modernização dos caças F-5 da Força Aérea Brasileira (FAB). Incluiu ainda em seu roteiro a Avibras Indústria Aeroespacial, fabricante dos sistemas de artilharia móvel Astros e a Mectron, produtora de mísseis inteligentes, como o Piranha, utilizado nos aviões de patrulhamento e ataque da FAB.
O cargueiro C-390, da Embraer, também recebeu atenção especial de Jobim. Para ele, esse modelo atuará em um nicho importante de mercado e substituirá os aviões Hércules da FAB, que são muito antigos. O C-390, que chegará ao mercado com o preço estimado em US$ 50 milhões, é cerca de US$ 30 milhões mais barato que os novos cargueiros Hércules. "Com certeza neste nicho estará a FAB", complementou.
O ministro informou que o programa FX, voltado à aquisição de novos caças supersônicos para integrar a frota militar nacional, terá a escolha do modelo definida até março de 2008. Entretanto, isto dependerá da transferência de tecnologia destes aviões para o Brasil.
Orçamento ampliado
"Para criarmos uma estratégia nacional precisamos ter um setor de insumos para as forças armadas que seja autônomo e independente de outros segmentos internacionais.Para isto, crescemos o orçamento das Forças Armadas de R$ 6 bilhões para R$ 9 bilhões, com a possibilidade de a execução orçamentária chegar a R$ 10 bilhões", comentou o ministro.
Segundo ele, não se trata mais de reaparelhar as Forças Armadas, mas de equipá-las nas perspectivas de tarefas que sejam decididas pela sociedade brasileira. No novo plano estratégico foi criada a definição de tarefas, que contempla o perfil e a organização das tropas, práticas operacionais e equipamentos necessários para a execução da defesa nacional.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Júlio Ottoboni)